Uma das frases mais marcantes de Lula tão logo assumiu a Presidência da República resume, em pouco mais de 20 palavras, aquele que é para muitos o maior legado do seu governo. “Precisamos superar a fome, a pobreza e a exclusão social. Nossa guerra não é para matar ninguém: é para salvar vidas”, prometeu o ex-presidente, que encerrou seus dois mandatos depois de retirar quase 30 milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza.
O feito, reconhecido pelo povo e vangloriado mundo afora, é justamente o que motivou o argentino Adolfo Pérez Esquivel a levar a cabo uma campanha para incluir Lula entre os concorrentes do Prêmio Nobel da Paz. A iniciativa do ativista, que levou a honraria em 1980 por seus esforços pelos direitos humanos e contra as ditaduras então presentes em toda a América Latina, foi lançada em 5 de abril do ano passado, dois dias antes de o ex-presidente ser levado ao cárcere por um crime que jamais cometeu.
Desde então, o abaixo-assinado já recolheu mais de 430 mil assinaturas populares, mas para formalizar a candidatura é preciso reunir, até o próximo dia 31 de janeiro, assinaturas de indivíduos que se encaixam nos critérios estipulados pela organização – como, por exemplo, ser professor(a) universitário(a) ou diretor(a) de instituto de pesquisa da paz.
“Com o mesmo senso de esperança que Martin Luther King transmitiu quando disse “Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira”, somos muitos que acreditam que o Prêmio Nobel da Paz para Lula ajudará a fortalecer a esperança de poder continuar construindo um novo amanhecer para dignificar a árvore da vida”, justificou Esquivel na carta enviada ao Comitê que organiza a premiação.
A afirmação de Esquivel ecoa no que a própria organização do prêmio pensa e espera dos concorrentes: “distinguir a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor ação pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz”.
Neste quesito, Lula tem total gabarito para estar entre os finalistas do Nobel. No manifesto enviado pelo argentino, destacam-se três argumentos inquestionáveis de que o ex-presidente deixou legado sem precedentes no combate à redução da pobreza e da fome no Brasil. São eles:
1. Houve uma redução na taxa de desemprego próximo a 50%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. E uma criação de 15 milhões de novos empregos segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
2. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini brasileiro foi 0,583 em 2003, e em 2014 foi 0,518, indicando que as políticas sociais implementadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) deixou um Brasil com menos desigualdade social, pois a desigualdade média caiu 0,9% ao ano, no período entre 2003-2016.
3. A implementação de programas de educação e saúde pública elevou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, desenvolvido pelo PNUD. Em 2010, chegou a US $ 10,607 dólares renda média anual, à expectativa de vida de 72,9 anos, a uma escolaridade de 7,2 anos de estudo e a uma expectativa de vida escolar de 13,8 anos.
Veja se você pode votar pela candidatura de Lula
De acordo com o estatuto da Fundação Nobel, uma candidatura válida para o Prêmio Nobel da Paz requer assinatura de:
– membros de assembleias nacionais e governos nacionais (membros do gabinete ou ministros) de estados soberanos, bem como atuais chefes de Estado;
– membros do Tribunal Internacional de Justiça em Haia e do Tribunal Permanente de Arbitragem em Haia;
– membros do Institut de Droit International;
– professores universitários, professores eméritos e professores associados de história, ciências sociais, direito, filosofia, teologia e religião;
– reitores universitários e diretores de universidades;
– diretores de institutos de pesquisa da paz e institutos de política externa;
– pessoas que receberam o Prêmio Nobel da Paz;
– membros da diretoria principal de organizações que receberam o Prêmio Nobel da Paz;
– membros, ex-membros e ex-assessores do Comitê Norueguês do Nobel.
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